quarta-feira, 7 de novembro de 2012

22 Maio 2012 - 4ª Etapa (Pamplona/Artix)

Percurso através dos Pirinéus Ocidentais na procura de "caírmos" directamente sobre Biarritz.
Esta cidade balnear francesa, tem para mim um significado muito especial! No ano de 1964, pela primeira vez, deixei sózinho o Portugal "cinzento e opressivo" de então; fui de comboio até Biarritz, e daí, parti à boleia! Tornei-me um "expert" na arte da boleia; ainda hoje, recordo com saudades esse modo de viajar!!! Foram quatro anos em que, nas férias grandes, de mochila ás costas, passei a partir da Rotunda do Relógio em Lisboa!
Depois da Guerra Colonial, "aburguesei-me", passando a viajar de carro, até que aos sessenta... começei a andar de mota!
Dito isto, vamos ao que interessa!
Uma pega à portuguesa!
Ernest Hemingway
 
Destinámos parte da manhã para uma volta a pé pelo centro histórico de Pamplona. Como se depreende pelo meu blusão de chuva, o tempo continuava chuvoso, mas felizmente com menor intensidade.
Logo à saída do hotel, não é que nos deparamos com uma manada de touros à solta? Nada que assustasse um valente português, que ali logo, fez uma valente pega de caras!!!
Percorremos o percurso da célebre largada de touros da Feira de S. Fermín (desde o "encierro" até à Praça de Touros), onde se encontra a estátua de Ernest Hemingway, que tanto gostava desta cidade e onde passou largas temporadas.
O "encierro"
Café Iruña
 
O "encierro" é o curro onde os touros passam a noite até que ás oito da manhã ao som de um morteiro, os touros são largados para uma corrida de pouco mais de 800 metros à praça de touros onde à tarde são corridos.Tempo ainda para a compra de uns "recuerdos" como a boina basca!
Um café no Iruña (Pamplona em basco), cafetaria frequentada por Hemingway e um dos "ex libris" da cidade e... ala que se faz tarde!
Rumámos à fronteira de Valcarlos/Arnéguy onde acabámos de almoçar num daqueles centros comerciais fronteiriços cheios de "bric-à-brac"! Valeram as "chuletillas de cordero" para despedida (até o meu regresso a terras de Espanha). Podem escrever: " em Espanha, desde qualquer terreola da raia portuguesa até qualquer terreola da raia franco-espanhola, as costeletas de borrego, são sempre boas e nunca sabem a bedun"!!!
Uns km à frente, atravessámos uma vila emblemática: St. Jean Pied de Port, conhecida por ser o local onde começa o caminho françês de São Tiago, para os peregrinos (ou simples aventureiros) que fazem aquele caminho até Compostela! Se fosse mais novo, eu e a minha bicicleta...
A ligação seguinte foi Biarritz; é sempre com emoção que revejo esta terra onde começei, uma relação muito afectiva com a França, que perdura até hoje!
Biarritz - praia e casino
 
Uma volta rápida pelas praias e centro urbano dá para perceber que também em França as cidades grandes e pequenas, cresceram enormemente!
Nos anos 60 do século passado, orientava-me com um mapa Michelin, e, quando uma boleia me deixava à entrada ou no meio de uma vila ou cidade, era possível atingir, caminhando,  os limites dessas mesmas vilas ou cidades para recomeçar a pedir nova boleia.
Hoje, tal afigura-se-me que será muito difícil fazê-lo tal a dimensão que as muitas vilas e quase todas as cidades atingiram.
Também a navegação sem um gps será no mínimo terrivelmente trabalhosa, com paragens e perguntas sucessivas aos "locais" para se encontrar os destinos pretendidos! Continuo a usar o velho mapa de papel para delinear de véspera o trajecto do dia seguinte, mas, depois na estrada, entrego-me ao gps!
Uma deficiente preparação do percurso entre Biarritz e Pau, e uma utilização amadora do meu Garmin/Zumo, fez com que andasse por estradecas quando queria ter ido pela "velha D817", para fugirmos à auto-estrada!
Resultado, cansados, decidimos ficar em Artix (o destino devia ter sido Pau), no primeiro hotel que encontrámos logo à entrada da vila.
A França no seu pior!!! Parece-me quase impossível encontrar uma espelunca parecida nos dias de hoje em qualquer país da Europa ocidental, Portugal incluído. Afirmo isto porque não foi a primeira vez que tal me aconteceu em França! Há uns anos, numa volta de bicicleta pelo vale do Loire, ás portas de Angers, aconteceu-me o mesmo (pior!!!) . No dia seguinte, dois km à frente, estava um Ibis à espera!!!
Distância Via Michelin: 232 km.

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